Relação entre depressão, fibromialgia e dores crônicas


O Dr. Dráuzio Varella afirma que dor é uma sensação que surge quando há ameaça de dano aos tecidos e que as dores crônicas podem ser devidas tanto a desordens do sistema responsável pela percepção quanto da inibição da dor. 
A fibromialgia é uma doença debilitante causadora de dores musculares crônicas muitas vezes não diagnosticada pelos médicos. Os artigos médicos entendem a fibromialgia como consequência de um desarranjo nos mecanismos de inibição da dor. De acordo com [1]Manoel Teixeira, Professor Doutor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o fenômeno doloroso resulta da interpretação do aspecto físico-químico do estímulo nocivo e da interação deste com características individuais como humor, significado simbólico atribuído ao fenômeno sensitivo e aspectos culturais e afetivos dos indivíduos.
Não se pode considerar a dor crônica como uma versão prolongada da dor aguda. Quando os sinais de dor são gerados repetidamente os circuitos neurológicos sofrem alterações eletroquímicas que os tornam hipersensíveis aos estímulos e mais resistentes aos mecanismos inibitórios da dor. Disso resulta uma espécie de “memória dolorosa” guardada na medula espinal.
Estudos mais recentes têm demonstrado que essa “memória dolorosa” está ligada a mediadores químicos muito semelhantes aos envolvidos no processo intelectual de memorização.
Em quase todos os sites de clínicas especializadas em dor e artigos médicos sobre dor crônica e depressão, afirmam que conviver com dor crônica pode levar a depressão, sensação de stress, ansiedade, tristeza ou outros sintomas relacionados a saúde mental. Seu médico especialista em coluna ou especialista em dor como o médico fisiatra pode sugerir o encaminhamento a um psicólogo e/ou psiquiatra.
Os sinais e sintomas de depressão podem se manifestar de forma diferente de pessoa para pessoa. Porém, sintomas como cansaço, insônia, mudanças na alimentação, indiferença e sentimentos desesperançosos são todos muito comuns. Simultaneamente, a depressão pode contribuir diretamente para dor nas costas e no pescoço, já que incômodos contínuos e dor são sintomas muito comuns de depressão. Transforma-se assim, num círculo vicioso difícil do paciente entender e também de sair dele. Sente-se impotente, prisioneiro de um corpo agonizante cujos fenômenos dolorosos o impedem de sorrir, ser leve, ter gosto pela vida.
De acordo com Joana de Souza Santos Berber, Fisioterapeuta[2], mestre em Saúde Pública pela UFSC, os distúrbios depressivos complicam o curso de qualquer doença através de uma variedade de mecanismos possíveis: aumentando a sensação de dor, impossibilitando a adesão ao tratamento, diminuindo o suporte social e desregulando os sistemas humoral e imunológico. Pacientes com doenças crônicas que estão depressivos mostram maior incapacidade que aqueles não depressivos.
Esclarecido que a depressão está diretamente relacionada à pacientes com dores crônicas e fibromiálgicos, a pergunta que estou buscando responder agora é: e os pacientes que estão fazendo tratamento para depressão, com acompanhamento médico, tudo direitinho e há recidiva da depressão? Qual seria o tratamento, haja vista que depressão e dor andam de mãos dadas, são irmãs que não se desgrudam? Como ajudar um paciente que possui dor crônica e síndrome de fibromialgia? – meu caso.
 A neurologia tem interface com a psiquiatria e pode tratar de casos de depressão, ansiedade, irritabilidade, pânico, etc. Vamos buscar ajuda de um neurologista agora. Mais uma especialidade para integrar a equipe médica que me trata atualmente – psiquiatra, reumatologista, especialista em dor, gastroenterologista, psicólogo e nutricionista.



[1] No seu artigo ”Dor crônica e depressão: estudo em 92 doentes, Rev. Esc. Enf. USP, v.34, n.1, p. 76-83, mar. 2000
[2] No seu artigo ” Prevalência de Depressão e sua Relação com a Qualidade de Vida em Pacientes com Síndrome da Fibromialgia”, publicado pela Revista Brasileira de Reumatologia - Rev Bras Reumatol, v. 45, n. 2, p. 47-54, mar./abr., 2005

Comentários

  1. Olá, amiga.
    Vim correndo visitar seu blog. Muito bom!!!
    Você falou tudo!!! Sentimento de impotência diante da depressão.
    Muito triste acordar, ver que o dia está lindo e não conseguir sair do lugar por causa da tristeza profunda que a depressão causa.
    Não sei dizer ao certo sobre quem chegou primeiro, a fibro ou a depressão!!!
    Mas isso não importa muito mesmo, o principal é procurar por tratamento para as duas o quanto antes!!!
    Grande beijo e obrigada
    A fibromialgia, a depressão e eu

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    Respostas
    1. Concordo demais com vc, Cristina. O mais importante e urgente é buscar tratamento pras duns. E isso não sai barato. A questão financeira apertada influência ainda mais na depressão pq gera angústia... Um caso complexo esse nosso.. Mas, vamos com fé!
      Gratidão pela interação!

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