A depressão, ansiedade e a fibromialgia


A depressão, ansiedade e a fibromialgia andam de mãos dadas, de acordo com vários artigos científicos, escritos por médicos renomados, como este aqui, este outro (muito esclarecedor, na minha opinião) e este aqui (muito mal traduzido, mas traz informações importantes) - só para citar uns mais importantes que achei.


O pesquisador brasileiro Luiz Dratcu, radicado em Londres, diz que a relação entre dor e depressão não é simplesmente emocional, é também física. “Isso é uma área que a gente está investigando cada vez mais. A depressão em si comporta uma dimensão como se fosse um processo inflamatório”, explica o psiquiatra Luiz Dratcu.
Ainda de acordo com o pesquisador, até 50% dos pacientes com dores crônicas, que duram mais de três meses, desenvolvem depressão. O índice pode chegar a 60% entre os que tem dores crônicas nas costas. Portanto, é muito normal - do ponto de vista biológico e humano - que um paciente portador de dores crônicas, como é o meu caso, fique irritado por estar parado em cima de uma cama, se sinta inútil por não poder fazer quase nada, abosolutamente, e consequentemente deprima.
Quando me percebi com depressão, eu já estava totalmente encurralada por ela. Iniciou-se tão silenciosa e sorrateira que nem sei dizer quando foi ou como foram os primeiros sintomas da depressão. Lembro de estar em vários momentos da minha vida de vai-e-vem (moro em Castanhal e trabalho em Belém/Pa - dirigia diariamente 64 km de distância, com congestionamentos e todo o resto do cardápio das áreas metropolitanas deste país - bastante ensimesmada. Me pegava pensando, pensando e morrendo de pensar em preocupações, problemas que não poderia resolver, ou simplesmente ficava pensando em como construímos um sistema econômico excludente, competitivo e que nos fazia escravos...
Depois lembro de me pegar vendo todo mundo rindo à minha volta, de alguma piada ou "tirada" feita por alguém e não somente não tinha a mínima vontade de rir como também não tinha a menor noção do que foi dito porque estava "perdida em meus pensamentos".

Sei que em 2014 as dores foram aumentando, proporcionalmente às decepções com o trabalho, com o mundo e com as preocupações com um processo de adoção que se arrastava na imensa burocracia deste país. Era muito "input" na minha cabecinha cor-de-rosa (sempre a chamei assim porque considero todo mundo confiável neste mundo, que pode existir pessoas amorosas e éticas, e por aí vai...). 

Com dores por todo o corpo, de intensidade 1000, por mais de 6 meses contínuos, fui diagnosticada com transtorno somativo e depressão. Estou com acompanhamento de psiquiatra, para tratamento medicamentoso - sim, eu me rendi e foi muito dolorosa e difícil essa rendição mas, foi total e verdadeira! - e sinto pequena, mas muito pequena melhora. Antes do tratamento medicamentoso, estava no fundo de um poço escuro, sem querer sair de lá, sem olhar pra cima pra procurar ajuda e se sentindo aconchegante estar ali, jogada, Há 5 meses com tratamento medicamentoso da psiquaitria, sinto-me respirando e tendo forças para buscar apoios dentro deste poço, pra poder sair de lá do fundo. 

Tenho altos e baixos... tá certo, não vou enfeitar o pavão: tenho mais baixos do que altos. Mas, digo à vcs, com toda a certeza da alma, que não páro a medicação antidepressiva e ansiolítica porque estaria muito pior!! Talvez eu já não estivesse aqui, dedilhando neste teclado...

Ser você é um "inciante" na fibromialgia, saiba que a doença tem estágios. Segundo a Associação Nacional de Fibromialgia, um dos sinais mais comuns da fibromialgia ainda nos estágios iniciais, é a dor generalizada crônica e você pode experimentar essa dor por todo o corpo. Pode ser pior primeira coisa na parte da manhã e pode ser exacerbado por mudanças de temperatura, atividade e estresse. A intensidade da sua dor provavelmente vai mudar com freqüência e ser pior em alguns dias do que outros. É uma doença de altos e baixos, de melhoras e de pioras. 

Num outro estágio, a doença evolui para uma crise de dor acrescida de sono perturbado ou insônia, confusões mentais, dificuldade de pronunciar uma palavra (dá um branco no meio da sua fala) e você começa a se "encollher" diante das pessoas e da vida. Surge a depressão. Portanto, peço que fiquem atentos pra não chegar neste estágio pois, pra sair da depressão e da ansiedade (o medo de tudo que pode nos causar dor ou aumentar a que já tem), é complexo e ainda não tenho reposta pra isso. 

Cuide-se. Ame-se em primeiro lugar. Ser ético e responsável no trabalho e no lar não significa que você pode carregar o mundo nas suas costas. Não coloque cruzes pesadas demais para a sua musculatura. Busque autoconhecer-se para perceber as nuances e armadilhas do ego!! ;) 

#fibromialgia #depressão #ansiedade #dorcrônica 

Comentários

  1. Respostas
    1. Ando tão desconcentrada e confusa que achei melhor organizar por aqui as coisas. Fazer relatos fica mais fácil. Blogar é fazer diários, não é? Gratidão, pelo carinho, Janira! :-*

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